Palavra de abertura do diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias

terça-feira, 17 de julho de 2012


 “Como o Pai me enviou, assim eu vos envio” (Jo.20,21)

Estamos reunidos como Igreja missionária do Brasil. O próprio Jesus, o enviado do Pai, nos chama e nos envia para continuar a sua missão.

A caminhada missionária da Igreja do Brasil, vem manifestar sua força, seu ardor, seu testemunho e a alegria da missão. Mas também vem buscar novo impulso, novas luzes e motivações, para continuarmos em estado permanente de missão, como nos fala o documento dos Bispos em Aparecida.

O texto que ilumina nosso congresso é de At. 8,26-40, o Apóstolo Felipe é enviado para uma missão e se põe a caminho. A tarefa não é fácil. É necessário ter coragem, conhecimento e preparo físico. O caminho por onde deve ir é deserto. A pessoa com quem deve falar é um importante funcionário do governo. Mesmo diante das incertezas, Felipe vai realizar a sua missão. A missão provém de Deus, de seu Espírito e nos faz sair de onde estamos. A missão requer uma postura humilde e solidária. Felipe acompanha o carro e está atento ao que acontece, ele se surpreende ao ver que aquele estranho está lendo a Escritura. Coloca-se à disposição para explicar. É convidado a subir no carro. Na conversa, aponta o caminho para Jesus Cristo. O etíope é tocado em seu coração, pede para ser batizado, confessa espontaneamente sua fé. É através do testemunho da palavra que ela é despertada pelo Espírito, e nutrida pela comunhão, pela oração e celebração. O texto revela a mudança fundamental que ocorreu com o funcionário do governo: ele continua a sua viagem “cheio de alegria”, coração e mente são transformados. Cada pessoa é chamada a fazer parte da missão de Deus, sendo agente de transformação de vida e de realidade.

Nesses últimos anos, nos documentos da Igreja, fala-se muito de missão. Há varias iniciativas de solidariedade, projetos de entre ajuda, abertura a missão Ad Gentes, Conselhos Missionários se articulando, grupos de Infância, Adolescência e Juventude missionária surgindo em todos os cantos do país, Santas Missões Populares, encontros e cursos de formação missionária, retiros, congressos... Enfim, muitas iniciativas e sinais de esperança no espírito missionário. Porém, não é o bastante, nosso potencial é maior daquilo que damos e fazemos.

Continua a ressoar em nossos ouvidos o mandato de Jesus: “Ide a todos os povos e anunciai a boa notícia”.  No Vaticano II, o documento Ad Gentes nos lembra que “a Igreja é peregrina e missionária por natureza”.

3º Congresso Missionário Nacional


Assim aqui estamos juntos, para viver o 3º Congresso Missionário Nacional, nesta nova cidade de Palmas, que nos acolhe de forma calorosa. Articulamos as forças missionárias, pensando que este momento, seja propício para nos encontrar, partilhar e celebrar a vida e a ação missionária.

Aqui estão unidos, o Conselho Missionário Nacional (COMINA), os Conselhos Missionários dos 17 Regionais do Brasil (COMIRES), os representantes das Dioceses, dos Organismos e Instituições Missionárias atuantes no País. Também acolhemos os representantes que vieram de países vizinhos e o representante da Congregação da Evangelização dos povos que veio de Roma.

Estamos em preparação do 4º Congresso Americano Missionário CAM 4 e o 9º Congresso Missionário Latino Americano COMLA 9, que vai acontecer no próximo ano na Venezuela.

O tema do 3º Congresso Missionário Nacional: “Discipulado Missionário: do Brasil para um mundo Secularizado e Pluricultural, à luz do Vaticano II”, este tema que também será do Congresso Americano Missionário. Nosso objetivo é assumir a dimensão universal da missão, neste mundo secularizado e pluricultural, guiados pelo Espírito, a serviço do Reino, à luz do Concílio Vaticano II e da caminhada da Igreja na América.

Lembramos que já aconteceram dois Congressos Missionários Nacionais, o 1º em 2003 na cidade de Belo Horizonte Minas Gerais e o 2º em 2008 em Aparecida São Paulo. Assim damos continuidade a caminhada missionária.

Os promotores do Congresso

O 3º Congresso Missionário Nacional, é uma iniciativa e realização do Conselho Missionário Nacional (COMINA), das Pontifícias Obras Missionárias (POM), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que articula e congrega através da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), o Centro Cultural Missionário (CCM), a Comissão Episcopal para a Amazônia, a Comissão Episcopal para a Missão Continental, o Conselho Indeginista Missionário (CIMI), Leigos e Leigas Missionários, Institutos e Organismos Missionários. Todos em estreita comunhão e articulação com os Conselhos Missionários Regionais (COMIRES), Diocesanos (COMIDIS), e Paroquiais (COMIPAS). O Comina é uma expressão do compromisso colegiado e explicito da Igreja no Brasil com a missão universal.

Os participantes


O 3º Congresso Missionário Nacional foi pensado e organizado para a participação de aproximadamente 600 pessoas de todo o País. Mais gente  gostaria de participar, mas a intenção não é fazer um grande evento de massa, nos custaria demasiado, neste sentido também temos que dar testemunho de pobreza.  São delegados, representantes e convidados que expressam as forças missionárias de nossa Igreja. Assim, na grande maioria, foram escolhidos e enviados para estar aqui e representar as bases. Vieram buscar forças para retornar e contagiar seus conselhos e comunidades.

Temos a presença de bom número de Bispos, nossos pastores, os primeiros a dar exemplo de missionariedade. Assim como os Presbíteros, Religiosos e Religiosas e a maior parte de leigos(as).

Ninguém veio aqui para passear ou simplesmente fazer turismo, mas representar bem as nossas comunidades e depois motivar para continuar a animação missionária com nosso povo, com mais vigor e ardor.

Também queremos assumir a dimensão universal da missão, olhando além de nós, na abertura ao diálogo e solidariedade além fronteiras. Na história de nossa Igreja, tanto temos recebido e doamos pouco. Com gratuidade devemos aumentar nossa contribuição a missão universal.

O programa do Congresso
 
O Congresso tem um processo: o caminho, o encontro, a partilha e o envio como compromisso de continuidade. A partir do texto dos At. 8,26-40 o encontro sugestivo entre o Apóstolo Felipe e o Eunuco Etíope. Já fizemos a primeira parte que é o caminho de chegar até aqui. Houve preparação, escolha e envio, puseram a caminhar como peregrinos. Aqui nos encontramos, alguns já se conhecem e se abraçam, outros vão se aproximando e se conhecendo.

Amanhã dia 13 sexta-feira, na parte da manhã, todos juntos vamos refletir o tema do Congresso, com ajuda de nossos irmãos mais velhos de caminhada. Na parte da tarde desta sexta-feira e no sábado de manhã dia 14, nos reuniremos nos 4 Mutirões: Infância, Adolescência e Juventude Missionária; Leigos e Leigas; Religiosos e Religiosas e os Ministérios Ordenados. É a oportunidade de estarmos mais próximos uns dos outros, vamos continuar a reflexão e a partilha de uma forma mais específica, facilitando a participação de todos.

No sábado a tarde, todos juntos, ouviremos os testemunhos das vivências e dos projetos missionários. Momento importante de escuta da partilha dos nossos irmãos.

No domingo, dia 15, ouviremos as sínteses dos Mutirões e faremos a grande Celebração do envio missionário.

Somos gratos a Arquidiocese de Palmas, na pessoa de D. Pedro e todas as equipes de trabalhos, as famílias, por nos acolher e organizar a infra-estrutura do Congresso. Também registramos os esforços da coordenação na preparação deste grande evento. São tantos os envolvidos nos serviços e trabalhos.

Conclusão

Este é um tempo de graça que o Senhor nos dá. O Espírito Santo nos conduza para sermos cada vez mais verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo.

Que este Congresso, nos ajude reavivar o entusiasmo pela missão, assim como os Apóstolos nas origens do Cristianismo, passaram por tantas dificuldades, provações e perseguições, mas crescia sempre mais o ardor na continuidade da caminhada. Nos impressiona lembrar Paulo que diz: “Ai de mim se não Evangelizar”.

Lembramos nossos mártires e outros que ainda continuam sendo perseguidos pelo amor a causa dos mais pobres.

A Igreja só cresce, se for missionária, seja no servir, na doação, na compaixão e solidariedade com os mais fracos.
 
Pedimos a Benção da Santíssima Trindade e invocamos a proteção de Maria e dos padroeiros da missão, São Francisco Xavier e Santa Teresinha do Menino Jesus.

Padre Camilo Pauletti, Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias - POM, membro da Congregação para a Evangelização dos Povos e Presidente Executivo do 3º Congresso Missionário Nacional

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